Em evento para investidores nesta segunda-feira (9), o vice-presidente de metais, louças e revestimentos da Dexco, Raul Guaragna, comentou a estratégia da fabricante de terceirizar parte de sua produção da marca Deca, de louças, metais sanitários e acabamentos, para a China. Guaragna vai assumir o cargo de CEO da companhia em abril, quando o atual presidente, Antonio Joaquim de Oliveira, atingirá a idade máxima para um diretor estatuário.
Nos últimos anos, a Dexco fechou ou suspendeu algumas fábricas da marca no Brasil, como em Queimados (RJ) e em Criciúma (SC).
“Fazer fábrica no Brasil ficou muito caro. O bem de capital ficou proibitivo”, afirma o executivo.
Oliveira acrescentou que essa estratégia não é algo para os próximos dois ou três anos, mas “para sempre”. “O Brasil infelizmente vem perdendo capacitação industrial em determinados setores, de forma relevante”, disse, pontuando que o arcabouço trabalhista, “ainda que tenha melhorado”, é “difícil”, além de toda a questão tributária.
De acordo com ele, em revestimentos cerâmicos e madeira, “nem a China” consegue competir com a indústria já instalada no Brasil — a Dexco também atua nessas áreas —, mas isso não é a realidade de outros segmentos, como louças e acabamentos.
Os dois executivos reforçaram que a produção terceirizada, feita na China, mantém o padrão da qualidade da companhia e é realizada de acordo com os preceitos da empresa. “Não estamos falando de produto sem qualidade, mas de designers qualificados, de exclusividade”, disse Oliveira.
Perguntado sobre a sua visão a respeito da Dexco daqui a 10 anos, Guaragna disse saber que a companhia tem que ser maior do que é hoje. “Não dá para pensar na nossa empresa andando nesse tamanho de R$ 10 bilhões [de receita] por muito tempo”, afirmou. “Tem que crescer significativamente, mas dando passos seguros.”
A companhia irá abrir uma loja própria, a Casa Dexco, em modelo “flagship”, no Conjunto Nacional, em São Paulo.