Formado por citricultores e indústrias do setor, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) vem acompanhando a movimentação dos produtores de laranjas em direção a áreas com menor incidência do greening (praga que assola a produção). Segundo o gerente-geral Juliano Ayres, a decisão de onde plantar e quando plantar é sempre do citricultor. Mas a instituição recomenda o plantio em áreas ou com baixa incidência ou sem a incidência da doença.
Ele ressalta, porém, que ainda existem muitas áreas em São Paulo aptas para o plantio imediato de citros, mesmo com a presença da doença. “São Paulo é o principal parque citrícola do mundo, com produtividade altíssima. Essa estratégia, de plantar onde a pressão da doença é menor, é válida, sem dúvida”, diz Ayres.
Outro ponto importante a ressaltar, diz ele, é que áreas tradicionais do atual parque citrícola sem renovações podem ter essa pressão diminuída gradativamente até voltar a serem viáveis para a produção daqui a alguns anos, como já ocorreu, por exemplo, com as regiões de Araraquara e de Matão.
Ayres aponta a expansão geográfica do greening desde que foi identificado pela primeira vez no Brasil, na região de Araraquara, em 2004. “Vinte anos depois, a doença avançou para outros Estados, como a região do Triângulo e Sudoeste Mineiro (incidência ainda muito baixa, sendo que no norte de Minas Gerais a doença ainda não foi identificada), e o Paraná. Em Mato Grosso do Sul, o greening está presente em alguns municípios. Na Bahia, ainda não foi registrada a ocorrência da doença”, diz.
Entre os cuidados para se manter uma região sem a doença ou em patamares baixos de incidência, o especialista considera muito importante que todos os Estados adotem em suas legislações a obrigatoriedade de produção de mudas de citros em viveiros protegidos, de modo que cheguem aos pomares apenas mudas sadias. E ainda que se avalie rigorosamente a microrregião de plantio, eliminando ou substituindo plantas de citros que não recebem o controle adequado, ou seja, que possam servir como fonte de inóculo da bactéria que causa a doença, e de murtas, local onde o psilídeo Diaphorina citri se reproduz,
Onde há baixa incidência do greening, ele recomenda que “absolutamente todas as plantas doentes” sejam eliminadas dos pomares comerciais, para impedir o alastramento da doença, pois enquanto a incidência é baixa, o controle é mais fácil e impacta menos financeiramente o negócio. “Conter o greening em seu estágio inicial é decisivo para o sucesso. E as ações devem ser adotadas conjuntamente, por todos os citricultores de uma determinada região. Daí a importância da conscientização”, disse.
O gerente-geral informou que o contrato de acordo de cooperação entre Governo do Mato Grosso do Sul e o Fundecitrus seria assinado na sexta-feira, 12. “Governo do Mato Grosso do Sul e Fundecitrus estão em contato desde agosto de 2023. Desde então, o Fundecitrus realizou diversos treinamentos com profissionais da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, além de treinamentos com citricultores do Estado. Essa colaboração tem a ver com o compartilhamento de conhecimento fitossanitário acerca de todas as pragas e doenças que acometem a citricultura brasileira, em especial o greening”, diz.
Segundo ele, o Fundecitrus colocará à disposição do governo sul-mato-grossense e dos citricultores todas as informações disponíveis para prevenir e controlar o greening, incentivando a conscientização e a adoção das melhores práticas, com o objetivo de que a citricultura sul-mato-grossense, ainda embrionária, se desenvolva de forma sustentável e seja economicamente viável.
Historicamente, o Fundecitrus já contribui e interage com outras citriculturas do Brasil e de outros países. A instituição é mundialmente reconhecida pelo conhecimento acumulado e compartilhado, pelas tecnologias desenvolvidas e pelo seu papel na formação e atualização de profissionais do setor. Nos últimos anos, o Fundecitrus realizou treinamentos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Estados do Nordeste, Pará, e também em países, como Colômbia, Argentina, Nicarágua, Costa Rica, México, além de países europeus.