O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), convocou o tenente-coronel Mauro Cid a prestar esclarecimentos em audiência na Corte, após a Polícia Federal (PF) indicar contradições e omissões em seu depoimento aos investigadores nesta terça-feira (19). Cid será ouvido no STF na próxima quinta-feira (21), às 14h.
O militar, que é ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento à PF no âmbito do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado, que culminou com a depredação das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
A PF, no entanto, encaminhou ao STF relatório em que apontou que Cid descumpriu cláusulas do acordo de delação firmado no ano passado. Agentes apontam contradições e omissões no depoimento em relação ao acordo de delação firmado no ano passado.
No despacho, Moraes afirma que a audiência no Supremo é necessária “em virtude das contradições existentes entre os depoimentos do colaborador e as investigações realizadas pela Polícia Federal”.
Se Moraes entender que ele não cumpriu o acordo, a delação pode ser revogada e Cid pode ser preso.
Nesta terça-feira, a PF deflagrou uma operação e prendeu cinco pessoas, envolvidas em suposto plano que previa a execução de autoridades. Quatro eram militares do grupo “kid pretos”, do qual Mauro Cid também faz parte.
Cid era homem de confiança de Bolsonaro e foi preso em 3 de maio de 2023, por suspeita de ter participado de uma operação para inserir dados falsos relativos à vacinação contra covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.
Em 9 de setembro do ano passado, Moraes concedeu liberdade provisória a ele e impôs medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. No mesmo dia, foi homologado um acordo de colaboração premiada do militar, que foi fechado com a PF.
Em março deste ano, porém, Mauro Cid foi preso novamente por descumprir medidas cautelares e obstrução de Justiça. Na ocasião, áudios revelados pela revista “Veja” mostraram que ele fez críticas ao trabalho dos investigadores e a Moraes. Ele, no entanto, foi colocado em liberdade em maio.
Além do caso do golpe e das vacinas, o ex-ajudante de ordens cooperou com a investigação sobre venda de joias e presentes entregues ao ex-presidente por autoridades estrangeiras.