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OMS investiga causa de mortes misteriosas no Congo; malária e covid-19 estão entre possibilidades

by Medicina Saúde
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou neste domingo, 8, atualizações sobre o surto de uma doença não identificada, com sintomas semelhantes aos da gripe, que tem causado mortes na República Democrática do Congo (RDC), mais especificamente na zona de saúde de Panzi, na província de Kwango. Entre os dias 24 de outubro e a última quinta-feira, 5, a OMS relata que foram registrados 406 casos da doença e 31 mortes. No entanto, na terça-feira, 3, o vice-governador provincial, Rémy Saki, afirmou à Associated Press que entre 67 e 143 pessoas tinham morrido devido ao quadro.

Apesar do aumento de casos, a entidade afirma que o risco de um surto global permanece baixo. Até o momento, foram notificados casos em nove das 30 áreas de saúde da zona sanitária de Panzi, onde o surto está localizado. Entre as mortes, 71% são de indivíduos com menos de 15 anos, sendo que 54,8% são de crianças menores de 5 anos.

Doença misteriosa causou surto na zona de saúde de Panzi, na província de Kwango, no Congo, chamando a atenção da OMS. Foto: Reprodução/White Arkitekter

A entidade internacional também informou que, com base no contexto atual da área afetada e na apresentação dos sintomas, uma série de doenças suspeitas estão sendo considerados como potenciais causas do surto. Isso inclui sarampo, gripe, pneumonia aguda (infecção do trato respiratório), síndrome hemolítico-urêmica de E. coli, covid-19 e malária – mas outros quadros não estão descartados.

“A malária é uma doença comum nesta área, e pode estar causando ou contribuindo para os casos. […] Nesta fase, também é possível que mais de uma doença esteja contribuindo para os casos e mortes”, destacou a entidade. Os sintomas relatados incluem febre, tosse, fadiga e coriza. Já os principais sinais associados à morte são dificuldade para respirar, anemia e sinais de desnutrição aguda.

Com relação à desnutrição, a entidade observa que a região afetada já estava enquadrada em um nível de crise de insegurança alimentar desde setembro. “Isso sugere uma fase de aumento da insegurança alimentar e risco de desnutrição aguda grave”, diz.

As suspeitas estão sendo investigadas por equipes enviadas pela OMS à região, incluindo um grupo multidisciplinar de nível nacional, encaminhado no dia 7 de dezembro. Eles estão coletando amostras para testes laboratoriais e buscando uma caracterização clínica mais detalhada dos casos. As equipes também estão levando medicamentos para dar suporte e evitar mais mortes.

Por que a doença ainda é misteriosa?

A zona de saúde de Panzi, na província de Kwango – onde os casos estão sendo registrados –, é uma área rural e remota. O acesso está ainda mais dificultado pela atual estação chuvosa. Segundo a OMS, esses desafios, juntamente com a falta de ferramentas para diagnósticos na região, estão atrasando a identificação da causa do surto.

Além disso, não há laboratório funcional na província, exigindo a coleta e o envio de amostras para Kinshasa, capital da RDC. Ainda de acordo com a entidade, a insegurança na região acrescenta outra camada de complexidade à situação. “O potencial de ataques por grupos armados representa um risco direto para equipes de resposta e comunidades, o que pode atrapalhar ainda mais a resposta”, informa em nota.

Com relação ao perigo do surto para a população, a OMS aponta que a soma desses fatores faz com que o risco para as comunidades afetadas seja avaliado como alto. Em uma escala nacional, o risco é considerado moderado, devido à natureza localizada do surto. Já nos níveis regional e global, o risco permanece baixo.

No entanto, a proximidade da área afetada à fronteira com Angola levanta preocupações sobre uma potencial transmissão transfronteiriça. A instituição destaca que o monitoramento contínuo e a coordenação transfronteiriça serão essenciais para mitigar esse risco.

De maneira geral, a OMS aponta que a confiança atual nas informações disponíveis permanece moderada, pois persistem lacunas significativas nos dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais.

Fonte: Externa

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