A alta da confiança do comércio em julho ainda não significa a volta do otimismo e é considerada “redução do pessimismo” do empresariado do setor, segundo a economista Geórgia Veloso, do FGV Ibre. Em julho, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) avançou 0,6 ponto em julho, para 90,9 pontos, após duas quedas consecutivas.
Entre os componentes do Icom, o Índice de Expectativas (IE) apresentou a maior influência positiva em julho ao avançar 1,1 ponto, para 92,5 pontos, após queda no mês anterior. O Índice de Situação Atual (ISA) avançou 0,2 ponto, para 89,9 pontos.
Mas a economista lembra que esses avanços dentro dos componentes não foram homogêneos. Entre os itens que integram o IE, o indicador que avalia as expectativas sobre a tendência dos negócios nos próximos seis meses avançou 4,5 pontos, para 96,1 pontos, alcançando o maior nível desde os 96,9 pontos de setembro de 2022. Mas o item que mede as perspectivas de vendas nos próximos três meses caiu pelo terceiro mês seguido, agora em 2,3 pontos, para 89,2 pontos.
Comportamento semelhante foi observado no ISA. As avaliações sobre a situação atual dos negócios variaram positivamente em 1,5 ponto, para 91,5 pontos. Em contrapartida, o indicador que avalia o volume de demanda atual caiu 1,0 ponto, para 88,5 pontos, batendo no menor nível desde os 87,9 pontos de outubro de 2023.
As empresas informaram ainda sobre os fatores que estão limitando a melhoria dos negócios. Em julho, os três fatores mais mencionados foram a competição, a demanda insuficiente e o custo financeiro. Mas a pesquisa mostrou que o percentual de empresas que relataram não haver impedimentos para a melhoria dos negócios já supera o das que citaram o custo financeiro.
Além disso, vem sendo observada a diminuição das queixas relacionadas à demanda insuficiente como obstáculo, enquanto a competição setorial tem ganhado destaque principalmente em segmentos do varejo restrito.
“O comércio esperava um 2024 melhor que 2023. Observamos na confiança que, apesar de quedas recentes, está mais elevada em 2024 que em 2023”, pondera Veloso, acrescentando que, até o fim do ano, há espaço para avanço da confiança, principalmente do lado das expectativas devido ao efeito esperado por eventos como Dia dos Pais, Black Friday, Dia das Crianças e Natal, que costumam ajudar o setor no segundo semestre.