Um conselho de transição responsável por escolher a próxima liderança do Haiti foi estabelecido após semanas de incerteza, de acordo com um decreto publicado no jornal oficial do Haiti.
A medida ocorre um mês depois que o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, anunciou que deixaria o cargo.
O conselho, composto por sete integrantes votantes e dois observadores não votantes, tem a tarefa de escolher e nomear um novo primeiro-ministro, bem como um conselho eleitoral “imparcial”, diz o decreto.
O grupo exercerá certos poderes presidenciais até que um novo presidente eleito seja inaugurado, o que deve ocorrer até 7 de fevereiro de 2026.
O mandato do conselho terminará nessa data e não poderá ser prorrogado, diz o decreto.
Os integrantes do conselho são Fritz Alphonse Jean, Louis Gérald Gilles, Edgard Leblanc Fils, Emmanuel Vertilaire, Smith Augustin, Lesly Voltaire, Laurent Saint Cyr, Frinel Joseph e Régine Abraham, de acordo com um comunicado para a imprensa.
A Comunidade do Caribe e o Mercado Comum (CARICOM) saudaram a notícia em um comunicado nesta sexta-feira (12).
“A criação do Conselho de nove integrantes, amplo e politicamente inclusivo, sinaliza a possibilidade de um novo começo para o Haiti”, dizia a nota.
De acordo com a CARICOM, uma das primeiras prioridades do conselho será abordar urgentemente a situação de segurança na região.
A CARICOM, que trabalhou com o Haiti no mês passado para desenvolver uma estrutura para o conselho de transição, disse que ainda há desafios pela frente, mas que apoiará o Haiti enquanto ele determina seu futuro.
Desde fevereiro, ataques de uma aliança de gangues, na capital Porto Príncipe, tornaram o aeroporto internacional e o porto marítimo da cidade não funcionais, quebrando linhas vitais de abastecimento de alimentos.
Isolados do mundo, mais e mais haitianos estão passando fome, alertam os trabalhadores humanitários. De acordo com as Nações Unidas, quase 5 milhões de pessoas no Haiti estão sofrendo de insegurança alimentar aguda, no que o diretor do Programa Alimentar Mundial, Jean-Martin Bauer, descreveu como a pior crise humanitária a atingir o país caribenho desde o terremoto de 2010.