Israel aguarda com nervosismo nesta sexta-feira (12) um ataque do Irã ou de seus aliados, à medida que crescem os avisos de retaliação pelo assassinato, na semana passada, de um oficial sênior na embaixada do Irã em Damasco.
Países como Índia, França e Rússia alertaram seus cidadãos contra viagens à região, que já está sob tensão por causa da guerra em Gaza, agora em seu sétimo mês.
O Ministério das Relações Exteriores da Polônia também desaconselha viagens a Israel, Palestina e Líbano. “Não se pode excluir que haverá uma escalada repentina de operações militares, o que causaria dificuldades significativas na saída destes três países”, afirmou o ministério num comunicado. “Qualquer escalada pode levar a restrições significativas no tráfego aéreo e à incapacidade de cruzar as fronteiras terrestres”.
Os militares israelenses disseram na quinta-feira (11) que não tinham emitido novas instruções para os civis, mas que suas forças estavam em alerta máximo e preparadas para uma série de cenários.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel não comentou os relatos de que algumas missões diplomáticas israelenses foram parcialmente esvaziadas e a segurança reforçada.
“A vingança virá”, escreveu o maior jornal diário de Israel, Yedioth Ahronoth. “No momento, a premissa é que será muito em breve, nos próximos dias.”
Israel não reivindicou a responsabilidade pelo ataque aéreo de 1º de abril que matou o general de brigada Mohammad Reza Zahedi, um comandante sênior da Força Quds da Guarda Revolucionária Iraniana, e seis outros oficiais enquanto participavam de uma reunião no complexo da embaixada de Damasco.
Mas o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou Israel e disse que o país “precisa ser e será punido” por uma operação que ele considerou equivalente a um ataque em solo iraniano.
“Será muito difícil para o Irã não retaliar”, disse Raz Zimmt, pesquisador sênior do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel.
“Ainda acredito que o Irã não quer se envolver em um confronto militar direto e em grande escala contra Israel, e certamente não com os Estados Unidos. Mas precisa fazer alguma coisa.”
Fontes iranianas e diplomatas dos EUA, o principal aliado de Israel, dizem que Teerã sinalizou a Washington que deseja evitar uma escalada e que não agirá precipitadamente.
Mas ainda há o risco de que qualquer resposta saia do controle.
“Estamos preparados para nos defender no solo e no ar, em estreita cooperação com nossos parceiros, e saberemos como responder“, disse o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, após uma reunião com o chefe do Comando Central dos EUA, general Michael Kurilla.
Uma vez que o Irã considerou o ataque à embaixada como equivalente a um ataque em seu próprio território, Zimmt disse que um ataque direto em solo israelense pelo próprio Irã, em vez de um aliado como o Hezbollah no Líbano, era uma possibilidade real.
“O risco de uma retaliação israelense contra o próprio Irã, que seria sem precedentes, é certamente algo que não podemos descartar”, acrescentou.
O Irã tem mísseis capazes de atingir Israel diretamente e, nas últimas semanas, Israel reforçou suas defesas aéreas, que interceptaram milhares de foguetes disparados pelo Hamas de Gaza e pelo Hezbollah do Líbano.
Os militares israelenses convocaram reservistas em preparação para qualquer escalada ao longo de sua fronteira norte, onde trocam tiros quase diariamente com o Hezbollah.
Imagens de câmeras de segurança capturaram o momento em que dezenas de mísseis foram interceptados no céu sobre a fronteira Israel-Líbano nesta sexta-feira.
O exército israelense disse em um comunicado que “aproximadamente 40 lançamentos foram identificados cruzando o território libanês. A maioria dos mísseis foi interceptada, enquanto o restante caiu em áreas abertas”, acrescentou o comunicado. Nenhum ferimento foi relatado.
O país também retirou a maioria de suas tropas e veículos blindados de Gaza. Os ministros afirmaram que a medida foi tomada antes de um ataque há muito prometido à cidade de Rafah, onde se acredita que milhares de combatentes do Hamas estejam entrincheirados ao lado de mais de um milhão de palestinos deslocados de outras partes de Gaza.
Em Israel, embora não tenha havido instruções formais de segurança, alguns pais disseram que seus filhos foram orientados a levar livros para casa durante os feriados escolares da Páscoa, em preparação para possíveis interrupções nas aulas.