Os candidatos José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB), que protagonizaram uma briga num dos debates da campanha em São Paulo, com o tucano o segundo com uma cadeirada, fizeram neste sábado (28), na TV Record, uma dobradinha para criticar o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).
Num confronto direto entre os candidatos, Marçal dirigiu uma pergunta a Datena: dos 26 anos dele como jornalista, qual era o pior prefeito que ele viu na cidade de São Paulo?
“Ricardo pode não ser o pior prefeito, mas ele está ali… Fazendo obras eleitoreiras, que ele não vai concluir, e gastando dinheiro”, respondeu Datena, que citou ainda os gastos elevados do atual prefeito na campanha eleitoral.
“Só o dinheiro que ele está gastando na campanha dele, dá para fazer ponte, asfalto, tudo. Sabe quanto ele gastou para fazer asfalto? R$ 5 bilhões. E pergunta se foi no começo da administração…”, disse o postulante do PSDB.
Datena também citou um suposto conluio do prefeito com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) por sua infiltração em empresas que prestam serviço para o sistema de ônibus na cidade.
Marçal, na réplica, também redobrou os ataques a Nunes e o colocou como o pior prefeito da história de São Paulo. “Devo fazer uma reconsideração, disse que Haddad seria o pior prefeito. Mudo a minha posição, o atual prefeito está nesse lugar. Ele fez algo que ninguém fez, obras sem licitação, não resolveu problema de saneamento básico, temos o pior ar, milhares de crianças em situação de rua, aumento da violência. Ele é um vereador que foi colocado no governo”, afirmou.
No início do segundo bloco, o candidato Guilherme Boulos (Psol) também virou alvo de críticas por parte de Ricardo Nunes e também de Marina Helena (Novo). O candidato do MDB citou o parecer de Boulos no Conselho de Ética, na Câmara dos Deputados, que pediu a absolvição do deputado federal André Janones (Avente-MG) por suspeita da prática de rachadinha no seu gabinete, que está em investigação.
Boulos e Nunes trocaram acusações quando o primeiro direcionou uma pergunta ao prefeito sobre o apagão que marcou São Paulo em novembro de 2023.
“São Paulo vivia o pior apagão de nossa história, dois milhões de pessoas sem luz. Ricardo Nunes estava no camarote da UFC. Depois no camarote da Fórmula 1. Foi ali que percebi que você não podia mais ser prefeito da cidade, que precisa estar ao lado das pessoas no momento de necessidade”, disse.
Em resposta, Nunes citou a atuação de Boulos no movimento social numa ação feita no Ministério da Fazenda, em 2015, que ele tem usado inclusive em seu programa eleitoral.
Depois foi a vez de Marina Helena criticar Boulos por causa do estatuto do Psol, citando que o candidato tenta se apresentar ao eleitor como moderado, enquanto o partido, na verdade, seria radical. Boulos disse que a população está preocupada com os reais problemas da cidade e anunciou medidas que pretende fazer para melhorar a mobilidade urbana.
A candidata do Novo insistiu nas críticas a Boulos, que se voltou novamente ao prefeito, citando a reforma da previdência municipal, que implementou uma alíquota de 14% a aposentador e que ele prometeu acabar, se eleito.
O debate terminou sem os ataques e agressões que marcaram os embates anteriores. Foram feitos onze pedidos de direito de resposta, todos negados. Houve apenas uma punição, com a perda de 30 segundos nas considerações finais, do candidato Pablo Marçal (PRTB), por usar um apelido pejorativo contra Guilherme Boulos (Psol).
Nas considerações finais, Ricardo Nunes (MDB) usou uma citação bíblica. “Bem-aventurados os humildes, porque deles é o reino dos céus”, disse, reconhecendo que sua gestão ainda tem muito a fazer pela cidade. O prefeito e candidato à reeleição citou realizações de seu governo e mencionou o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que evitou falar ao longo dos dois blocos anteriores.
Sem citar diretamente nenhum adversário, José Luiz Datena (PSDB) disse que “muita gente morreu” no país para defender a democracia e não se pode perder essas conquistas democráticas.
Pablo Marçal, com 30 segundos a menos, pediu para ter um “encontro íntimo na urna” com o eleitor e disse que o voto deve ser decidido “pelo coração”. Mesmo com menos tempo, o candidato do PRTB usou os segundos finais para ficar repetindo seu número. E durante sua fala tentou confundir o eleitor de Guilherme Boulos (Psol), ao falar para a população “não votar no 13”, número do PT – o número do partido de Boulos é o 50.
Guilherme Boulos buscou evocar a esperança e citou sua vice na chapa, Marta Suplicy (PT). “Imagina essa cidade tendo de novo um prefeito”, disse.” A propaganda não resolve seu problema”, afirmou, questionando em seguida o eleitor. “Em quem você vê verdade?”
Tabata Amral (PSB) ressaltou sua origem na periferia e ressaltou o papel da igreja em sua trajetória. Destacou também que só chegou onde chegou graças à educação. Em baixa nas pesquisas, tentou incentivar o eleitor que ainda dá tempo de virar o voto.
Marina Helena (Novo) reforçou críticas contra Tabata Amaral e prometeu que, se eleita, vai acabar com a corrupção.
Colaboraram Maria Cristina Fernandes e César Felício