A disputa antecipada para suceder o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), contaminou a votação interna que decidiu manter preso o deputado federal Chiquinho Brazão, suspeito de mandar matar Marielle. Em busca de votos do Centrão e da direita, o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento, assumiu a bandeira do corporativismo e defendeu a derrubada da prisão em plenário — mesmo após ter apoiado a expulsão de Brazão de seu partido, em rito sumário. Elmar sabe que o estilo “líder sindical dos deputados”, de proteção a colegas, levou Lira e Eduardo Cunha à linha sucessória da presidência da Câmara.
Em outra raia, o deputado Antônio Brito (PSD), interessado no apoio do governo Lula e da esquerda para virar presidente da Câmara, defendeu a manutenção da prisão. Já o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), não votou. Ele busca voto dos dois grupos, pois espera contar com apoio do Planalto e com o apoio da bancada evangélica composta por grande número de bolsonaristas.
“O corporativismo pesa. Mas a eleição da mesa se dá por vários fatores: lideranças partidárias, formação de grupos de coalizão no congresso, bancadas temáticas, interesses regionais, dentre outros”, observa o cientista político Tiago Valenciano, doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), destacando que outros fatores vão pesar para o sucesso de cada uma das campanhas.